Tenho uma leve impressão, apenas leve, de que uma quantidade enorme de pessoas estão vivendo vidas se obrigando conscientemente a serem personagens de si mesmas para conseguirem sobreviver ao massacre – sim, um MASSACRE – imposto a todos que OUSAM não se curvarem a um padrão estabelecido pela sociedade atual.
Seja no trabalho, com a família, com os amigos e amigas, na Universidade, escola ou em qualquer lugar. Pessoas de bom coração, que tem dentro de si um universo pungente de sonhos, de coloridos, de idéias e projetos lindos mas que se sentem com medo de levá-los adiante. Medo de serem apontados, ridicularizados, diminuídos, censurados, demitidos, seja lá qual for a forma que de alguma maneira a Sociedade empacota e rotula aqueles que pensam diferente.
Quando digo, PENSAM DIFERENTE, não estou me referindo a posturas ideológicas, partidárias, políticas ou algo do tipo. Me refiro a quem PENSA, porque na maioria dos casos a impressão que tenho é de que uma parcela bastante considerável não está pensando – está apenas reproduzindo.
Pensar exige aprofundamento. Quem tem tempo de se aprofundar em alguma coisa nos dias de hoje?
Já tem um Meme pronto para cada opinião que você precisa dar na internet.
Isso vai minando essas criaturas por dentro, porque no fundo muitas sabem que estão vivendo personagens e não o que de fato são. Não é à toa que a depressão vai arrastando de forma avassaladora milhares de corações para um poço sem fundo.
É gente que não aguenta mais representar. Sorrir forçada. Dizer o que os outros querem ouvir para que possam ser aceitas.
Não sei qual é o caminho mais pesado. Sinceramente não sei.
Se é ter de forjar a vida inteira alguém que você não é ou se é o isolamento e a solidão de assumir o que acredita e levar adiante pagando o preço por não estar disponível para ser mais um robô.
Os verdadeiros amigos e amigas, companheiros de vida, familiares, ficarão ao seu lado. Mas coitados, também acabam pagando o preço. E muitas vezes você também sofre porque não gostaria que eles fossem apontados ou julgados por terem lhe dado apoio e proteção. Eles também precisam ser muito fortes para ar a intolerância e os rótulos que lhes são impostos.
“Nossa, você gosta daquela pessoa? Você é louco. Deus que me livre” ou “Não sei como você tem coragem de andar ao lado dele ou dela” ou “Por que você não dá uns conselhos para que ele(a) cale a boca, mude aqueles trejeitos, não use aquela roupa”
Imagina, ter de tolerar ser cerceado por gostar de alguém?
É duro.
Vivemos tempos onde as transformações estão a flor da pele.
Quebrar paradigmas é uma tarefa árdua e a geração que a por esse momento na história da humanidade tende a não desfrutar muito da felicidade. Porque a força do conservadorismo é muito grande. Logo, aqueles que optam por de alguma forma se desvincular e quebrar padrões, devem ter a consciência de que serão fortemente combatidos.
Se vale a pena?
É uma boa pergunta.
Com qual propósito você esta vivendo?
Para acordar cedo, ir para o trabalho, ganhar um salário, formar uma família, ter um carro, poder viajar nas férias e criar seus filhos e depois seus netos e finalmente morrer ou no meio disso tudo você busca algo que lhe faça sentir-se parte das transformações do mundo que lhe cerca?
Você trabalha com o que ama?
Se você for uma pessoa com algum dinheiro, vive para acumular ou para usufruir dele de forma saudável, onde o trabalho que dá para istrá-lo não seja maior do que o prazer de poder viver e aproveitar aqueles que compartilham sua vida?
Enfim, é preciso ter coragem para ser de verdade quem você escolheu ser. É preciso ter maturidade para perceber em qual momento você deve fazer algumas concessões mas de forma que isso não suje o seu coração. É preciso ter lucidez para não se deixar levar pelo medo e pela histeria. É preciso ter empatia para perceber que não está sozinho no mundo. É preciso ter compaixão para enxergar no outro a dor que sentes. É preciso ter amor para não sucumbir a tanto ódio e indiferença.
Não é fácil optar pelo caminho de ser REALMENTE quem você quer é, quem optou pode dizer com conhecimento de causa o quanto é árduo o viver. A dilema é exatamente esse, viver feliz uma farsa ou buscar a felicidade sendo verdadeiro e correr o risco de não ar.
Cada um faz suas escolhas.
Fiz a minha e você fez a sua?