A ELEIÇÃO DE SANDRO MÔCO EM CAMALAÚ, E A DE DONALD TRUMP NOS EUA, TRAÇOS SIMILARES

12916087_10154016717318363_3967279249679588665_o.jpgHá uma frase atribuída ao egípcio, Hermes Trismegisto (1330 a.C): “o quê está em cima é como o quê está embaixo”. Quer dizer que as leis e regras no incomensuravelmente grande, funcionam no incomensuravelmente pequeno.
Dito isto, quero traçar paralelos entre a eleição do estadunidense, Donald Trump, para presidente dos EUA e do camalauense, Sandro Môco, para prefeito de Camalaú, PB.
Como é sabido, Donald Trump, que nunca havia sido candidato a um cargo público eletivo, enfrentou a poderosa e experiente ex-Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. E, Sandro Môco enfrentou o ex-prefeito de Camalaú, por dois mandatos, Aristeu Chaves.
Só para fazer um paralelo com Hillary, e melhor nos situar dentro da análise, se o cariri fosse um país, Aristeu teria galgado importantes cargos nesse suposto Estado-nacional: delegado da polícia Civil (já havia sido em Campina Grande e Brasília), Ex-Superintendente de Polícia no cariri e ex-Superintendente do Detran/PB. Curiosamente, as funções de Aristeu, assim como a de Hillary, se ligam à segurança.
Sandro Môco, além de ex-vereador, é um homem negócios, um pequeno pecuarista. Portanto, similar a Trump, que também é homem de negócios. Lembrando, que ambos não têm experiência em cargos públicos, no executivo.
Em se tratando especificamente da análise política, o Partido Democrata, de Hillary, por ela ser “tarimbada” e reverenciada mundo afora, foi auto-confiante demais na vitória. Achou que só isso bastaria para ganhar as eleições contra Donald Trump, que “não fazia parte do sistema” dominante, por isto, enfrentou críticas mundo afora. O PD, não levou em consideração a grita àquilo que os estadunidenses pediam de volta: “a América para os (de fato) americanos” e não só para os mais ricos.
O bloco político de Aristeu, os “Pé Rocho”, devido ao prestígio local, regional e estadual que ele gozava, não deixou seus correligionários perceberem as falhas da sua candidatura durante o pleito. Parecia que o eleitorado não teria outra saída que não retornar Aristeu à prefeitura. Semelhante atitude com Hillary, para presidência.
Outra semelhança é que Trump se elegeu justamente com o discurso contra a globalização. A globalização que dá mais recursos aos mais ricos, e para ser sustentada, posiciona correligionários nos melhores cargos da economia mundial para manter o “status quo”, ou seja, continuar tudo como está.
Trump percebeu a insatisfação do povo estadunidense, que via aumentar a diferença entre ricos e pobres e, com isto, soube transformar essa insatisfação em votos para si.
Sandro Môco, igualmente a Donald Trump, percebeu a insatisfação do povo camalauense. Para politizar isso, sua campanha cunhou slogans criativos: “o povo quer o liso”, para ligar sua imagem ao povão e ao fato de Aristeu ser apoiado pela classe local mais endinheirada; e, “vamos quebrar a inha”, com referência ao grupo liderado por Aristeu estar com o controle local há 16 anos.
Aristeu, assim como Hillary Clinton, perderam, é suposto, porque não souberam ler – a tempo – o anseio de mudança do eleitorado. Ou seja, não perceberam que a maioria do povo não queria continuar como estava. O grupo liderado pelo Môco soube resumir esta sopa política num slogan que alcançou a maioria das eleitorais mentes e corações: “Um Camalaú Para Todos”. Este slogan, que por sinal, se assemelha ao discurso de campanha de Trump dizia que Hillary representava o mesmo, a continuidade dos que vinham enriquecendo desde Reagan, na década de 80.
Outros paralelos podem ser feitos entre Sandro Môco e Donald Trump:
1 – Sandro Môco buscava no seu jeito de se relacionar bem com o povo, ganhar votos. Trump, usou a popularidade alcançada como apresentador de TV, para isto;
2 – Sandro bancou parte de sua campanha com seus próprios recursos. O bilionário Trump, também;
3 – O Môco não tinha o apoio do atual gestor, Jacinto Bezerra, que apoiava Aristeu. Trump, não tinha de Obama, que apoiava Hillary;
4 – Sandro Môco, buscou compor sua chapa tendo como vice Ezequiel Sóstenes, que por pertencer a um grupo que já tinha história na oposição, tinha votos para somar aos seus. Trump teve como candidato a vice, Mike Pence, ex-governador de Indiana e várias vezes deputado. Um vice que tinha capital político.
5 – Sandro não faz parte de família com tradição política. Trump, o mesmo. Já Hillary Clinton, tem o marido Bill Clinton, que é ex-presidente dos EUA, e, há outros parentes seus que foram presidente, a exemplo dos Bush. Aristeu, além de já ter sido prefeito, vários parentes seus também o foram.
Mas, a mais curiosa observação é o reboliço que esse tipo de mudança causa. E com ela, há uma tendência, por quem está estabelecido, querer desacreditar os protagonistas. Há isto, tanto em relação ao Trump quanto a Sandro e seu grupo, porque mexem naquilo que está feito. E quem está bem assentado não quer mudança, quer continuar sempre, deitado em berço esplêndido.
Por João Aurélio

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